Ela fazia versos rimando hífens
— de tomara-que-cai azul-marinho —
mas me disse que não sabia onde acabava o poema.
Mais dia menos dia
dependendo da luz
transformado em cheiro um feixe me atravessa
(ou raio de outra coisa — montanha antiga, peixe,
que é fio
ou meada, idéia)
e a medalha apara
— Nossa Senhora do Loreto
protetora dos aviadores
no peito
ponto exato
que desata um rio
falso leito fofo
folhas decompostas
em poeirentas nuvens submarinas
morno em cima
em baixo frio.
Aí se pode morrer, é mole — um sino
fino, um dobre
um morro verde
o que não tenho
todo o ar do mundo.
Começa-se a morrer e um dia se termina.
ANGELA MELIM
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