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Mostrando postagens de outubro, 2017

Mario Quintana - O Tempo - Motion Type

O operário em construção Rio de Janeiro , 1959

 Abramo, Lívio Operário , 1935 xilogravura 19 x 19 cm Coleção de Artes Visuais Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as casas Que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia De sua grande missão: Não sabia, por exemplo Que a casa de um homem é um templo Um templo sem religião Como tampouco sabia Que a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão. De fato, como podia Um operário em construção Compreender por que um tijolo Valia mais do que um pão? Tijolos ele empilhava Com pá, cimento e esquadria Quanto ao pão, ele o comia...  Mas fosse comer tijolo! E assim o operário ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui Adiante um apartamento Além uma igreja, à frente Um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria Não fosse, eventualmente Um operário em construção. Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, cert

O Tempo e as Jabuticabas - Rubem Alves

Poema em Linha Reta - Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.  E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo.   Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.  Toda a gente que eu conheço e q

A ARTE DE EDUCAR

“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja!” e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente… E ficando mais rico interiormente ele pode sentir mais alegria – que é a razão pela qual vivemos. Já li muitos livros sobre Psicologia da Educação, Sociologia da Educação, Filosofia da Educação… Mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à Educação do Olhar. Ou à importância do olhar na educação, em qualquer um deles. A primeira tarefa da Educação é ensinar a ver… É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo… Os olhos tem de ser educados para que nossa alegria aumente. A educação se divide em duas partes: Educação das Habilidades e Educação das Sensibilidades. Sem a Educação das Sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido. Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá r

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre, L&PM, 1980.

Divino Maravilhoso

Atenção ao dobrar uma esquina Uma alegria, atenção menina Você vem, quantos anos você tem? Atenção, precisa ter olhos firmes Pra este sol, para esta escuridão Atenção Tudo é perigoso Tudo é divino maravilhoso Atenção para o refrão É preciso estar atento e forte Não temos tempo de temer a morte Atenção para a estrofe e pro refrão Pro palavrão, para a palavra de ordem Atenção para o samba exaltação Atenção Tudo é perigoso Tudo é divino maravilhoso Atenção para o refrão É preciso estar atento e forte Não temos tempo de temer a morte Atenção para as janelas no alto Atenção ao pisar o asfalto, o mangue Atenção para o sangue sobre o chão Atenção Tudo é perigoso Tudo é divino maravilhoso Atenção para o refrão É preciso estar atento e forte Não temos tempo de temer a morte Compositores: Gilberto Gil / Emanuel Viana Teles Veloso Caetano

O Vento - Procelaria - A Dona do raio e do vento Maria Bethânia

Vamos chamar o vento Vamos chamar o vento Vamos chamar o vento "É vista quando há vento e grande vaga Ela faz um ninho no enrolar da fúria e voa firme e certa como bala As suas asas empresta à tempestade  Quando os leões do mar rugem nas grutas Sobre os abismos, passa e vai em frente Ela não busca a rocha, o cabo, o cais Mas faz da insegurança a sua força e do risco de morrer, seu alimento Por isso me parece imagem e justa  Para quem vive e canta num mau tempo" O raio de Iansã sou eu Cegando o aço das armas de quem guerreia  E o vento de Iansã também sou eu  E Santa Bárbara é santa que me clareia (2x) A minha voz é vento de maio Cruzando os mares dos ares do chão Meu olhar tem a força do raio que vem de dentro do meu coração O raio de Iansã sou eu Cegando o aço das armas de quem guerreia E o vento de Iansã também sou eu E Santa Bárbara é santa que me clareia Eu não conheço rajada de vent

Atual!