Não se faz o mundo duas vezes: Duas vezes a Lua. Duas vezes o Mar. Não se faz duas vezes; A inclinação do Cruzeiro do Sul, A rotação diversas dos Astros A luz solar riscando madrugadas, Crepúsculos incendiados Para o sono dos pássaros. Duas vezes não se fará: O rumor das ondas Por cima de caranguejos translúcidos. Chuvas tropicais Resvalando em rios caudalosos, Pororocas noturnas, Revolvendo assombrações Mas, se fará: Negras espumas de óleo subterrâneos Nuvens asfixiantes em horas imprevisíveis, Mortos mares naufragados em detritos, Desertos de verdes calcinados, Terra desfigurada de pólo a pólo. Terra inútil Túmulo rejeitado De fracasso humano. Poema de Hermano José
ESPAÇO DE INCENTIVO E PRÁTICAS ITINERANTES À LEITURA. SILVIAHELENA.CALCAGNO@HOTMAIL.COM (53) 984153820