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“ DEUS NÃO É O DEUS DOS MORTOS, MAS O DEUS DOS VIVOS” ( Mt 22,52 )

Os que morrem desaparecem aos olhos. Não desaparecem, contudo, aos olhos de Deus: Ele conhece suas moradas e conhece a sua sorte, Ele que os “ amou até o fim.” Nós porém, poderemos reunir-nos a eles, comunicar-nos com eles?
Ocuparam alguns lugar tão grande em nossa vida; foram a luz de nossos olhos a causa de nossa alegria, a alma de nossa alma; e tudo isso teria acabado para sempre?
Como poderia acabar, se o homem é mais espirito do que carne e se realmente compartilhamos do que h
avia neles de mais intimo e espiritual? Mas como encontrá-los e por que meio atingi-los, a não ser nos recolhendo em nós mesmos, e no ais profundo de nosso ser?
Se verdadeiramente eles adormecem no Cristo, como nos é permitido esperar foi certamente para escaparem a todos as necessidades materiais, a todas as vicissitudes da exterioridade: só há, pois um meio realmente eficaz de nos reunirmos a eles, é o de nos estabelecermos também no plano de interioridade aonde chegaram, esforçando-nos por viver de sua vida.
E já que esta vida está mergulhada na intimidade de Deus, que é ao mesmo tempo para eles morada, alimento e sono, como diz a oração da Missa, será então nos identificando também mais completamente a Deus, mergulhando mais profundamente em sua vida, que estaremos unidos a vida deles, e que as relações interrompidas no plano visível continuarão mais vivas, na comunhão silenciosa das almas.
Com efeito, é interiormente que se pode procurar, se não quisermos perder-nos num além constituído pelas sombras do mundo visível, imaginando com os nossos queridos mortos relações que procurariam mantê-los no plano exterior do qual, desde esta terra, o progresso de nossa vida espiritual pede a liberação sempre mais perfeita.
Se nossos mortos estão livres das vicissitudes do mundo sensível, se nasceram paras a vida do Espirito, se estão em Deus, não podemos imaginar entre eles e nos laços mais belos do que a comunhão cada vez mais estreita de uma vida interior da qual Deus é o centro, a fonte e o dom.
É por esse meio que o nosso amor pode, não somente salvaguardar sua realidade profunda, mas ainda atingir todo seu poder de ação, pois, de certo modo, podemos dar a Deus a eles se estão percorrendo ainda as etapas purificadoras que constituem o misterioso purgatório ou aumentar de algum modo sua alegria de possui-lo se já atingiram a bem-aventurança e isso pela intensidade de nosso amor a Deus.
Uma vida sempre digna de Deus não é o meio mais seguro de unir-nos sempre a eles?
Não há dúvida de que, por sua parte, nossos mortos nada deixaram daquilo que merecia viver eternamente em sua ternura por nós. Podemos portanto, admitir que seu desejo de união conosco é ainda maior do que o nosso próprio desejo, visto estarem eles em Deus, a própria origem do Amor.
E nós, também estamos estamos em Deus embora não com a mesma plenitude, a Deus está em nós. Ora, não é Deus o céu das almas fiéis? O céu pois, está em nós, na medida em que Deus aí está.
Não podemos por conseguinte, concluir que nossa alma é o santuário das almas santas, assim como é o templo de Deus? Não temos razão de pensar que as trazemos de algum modo em nós e que elas estão incomparavelmente mais perto de nossa alma do que, do coração de sua mãe, a criancinha de quem ela é misterioso tabernáculo?
Nenhum consolo maior do que essa união ativa e santificadora com os nossos queridos, numa intimidade que cresce sem cessar na proporção de nossa união com Deus. Deus não os arrebatou de nós; ocultou-os em seu coração para que estivessem mais perto do nosso.



( Maurice Zundel, Le poème, de la sainte liturgie. Paris, DDB, 1946, pag. 277 – 282 )   


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