Sempre respirou arte,
As letras, não aprendeu.
Desde cedo, no entanto, em meio a sua labuta,
Não faltou-lhe entusiasmo, nem espaço para sonhar.
A pobre menina descalça, subia morro, descia morro,
E de tanto olhar as flores, sentiu vontade de criar.
Com vários papéis crepon, uma tesoura afiada,
Vela derretida e linha de tecer,
Sua arte transportada bem de dentro do seu ser,
Resplandece em suas mãos,
E em poucos minutos, um arranjo de flores pode se ver.
O tempo passou depressa e veio a adolescência,
Casou-se ainda novinha. Gerou 3 meninos e 3 menininhas.
A arte sempre presente, a poesia latente,
ninava suas crianças,
Cantando, entoando e dançando, sucessos da sua mente.
Fez crochet,
costurou,
cantou,
mas não pôde ser famosa,
Seu pai não a permitira, seu marido, nem pensar.
Teve um tempo que tentara, poemas e versos formar
Mas não sabia das letras, não teve como anotar.
Os filhos foram crescendo, todos cheios de talentos,
Quase todos replicaram o dom da arte de bem,
Depois dos filhos criados, seu amor, Deus o levou,
Então se encontrou sozinha, necessitava compor.
Tomou nas mãos uns pincéis, muitas tintas, tantas telas,
E cada palavra que vinha, olhava pela janela.
Pincelava céu azul, contrastando o vento sul,
Pincelava casa amarela, na porta alguém aguardava por ela.
Pincelava Julieta, um Romeu a sua espera,
Pincelava muitos galhos, flores desabrochavam na tela.
Seguiu assim: pincelando, pincelando,pincelando
Até por fim descobrir, que um verso estava formando
E a menina, que não pôde, escrever sua poesia,
Compõe poemas e versos pintando a sua alegria.
(Mariza Sorriso - in Das Raízes do Coração- Editora Sapere)
Comentários
Postar um comentário