Aonde ir?
Talvez por aí
Seguir o rumo sem vento
Talvez entrar no túnel do tempo
Onde os meus olhos ainda não tinham tristezas
E meu rosto sujo de poeira
Era tocado pela sombra da mangueira
Bem perto da rua e de frente para as palmeiras
Talvez entrar no túnel do tempo
Lá onde minha escola ficava, depois da bomba
Perto do antigo mosteiro
E a melhor hora era a hora do recreio
Ou a aula vaga da professora que não veio
Talvez no tempo do pique bandeira
No tempo que olhar nos olhos
E pegar na mão
Da menina tímida que sorria
Era tudo que se podia
Talvez naquela noite de chuva
Lá no canto do pensamento
Onde ficava deitado ouvindo a música de amor
No pequeno rádio de pilha que ficava
Junto ao ouvido, em cima do travesseiro
Olhando a chuva na janela
Sonhando com um amor verdadeiro
Um amor que pudesse amar sem receio
Não apenas um sentimento passageiro
Talvez caminhar pela cidade
Sentindo os pingos da chuva
Que atravessaram o tempo
E lembrar-se do rosto sujo
Dos olhos cheios de vida e sem tristeza
Dos sorrisos que ficaram na sombra da mangueira
De frente para as palmeiras
Pela vida inteira
ARNOLDO PIMENTEL
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